Poesia... em tempo de pandemia: Poema de Paula Amaro,
"Quase nada"
Encostei meus ombros na sombra do
medo
e adormeci, muda, tremendo de
frio.
Meus lábios guardam meu maior
segredo
colhido na noite do vento vadio.
Era um dois em um e todavia...
começava ali, com o sol caindo.
A raiz mais frágil já apodrecia
e a lua redonda chegava sorrindo.
E zombava... zombava de mim
aquele luar lindo, frio e sereno.
E eu ali, sozinha, tremendo...
Tanta luz naquele luar de marfim!
Tanta beleza, e eu, assim desamparada
era tudo o que tinha – quase
nada.
Paula Amaro
2015.12.28