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quinta-feira, 28 de maio de 2020

Poesia... em tempo de pandemia - 19 - Poema "Quase nada", de Pula Amaro


Poesia... em tempo de pandemia: Poema de Paula Amaro,

"Quase nada"


Encostei meus ombros na sombra do medo
e adormeci, muda, tremendo de frio.
Meus lábios guardam meu maior segredo
colhido na noite do vento vadio.

Era um dois em um e todavia...
começava ali, com o sol caindo.
A raiz mais frágil já apodrecia
e a lua redonda chegava sorrindo.

E zombava... zombava de mim
aquele luar lindo, frio e sereno.
E eu ali, sozinha, tremendo...

Tanta luz naquele luar de marfim!
Tanta beleza, e eu, assim desamparada
era tudo o que tinha – quase nada.

Paula Amaro
2015.12.28